A Casa com portas que não levam a lugar algum - Literatura Infantil.
Em uma cidadezinha pacata cercada por colinas verdes, havia uma casa misteriosa no topo da colina mais alta. Enorme e imponente, a mansão tinha janelas empoeiradas que pareciam olhos de vidro refletindo o pôr do sol, enquanto seu jardim selvagem e retorcido parecia se mover ao ritmo do vento. As plantas cresciam de forma desordenada, quase como se tivessem vontade própria, e o som das árvores sussurrantes ao anoitecer alimentava as lendas locais. Diziam que a casa era um labirinto enfeitiçado, um lugar onde o tempo e o espaço se perdiam, e quem ousava entrar jamais conseguia sair. Muitos juravam ouvir risos distantes ou ver sombras pelas janelas, mesmo sabendo que ninguém morava ali há décadas.
Essa história, no entanto, não assustava Luísa, Pedro, Sofia e Miguel, quatro amigos inseparáveis e apaixonados por aventuras. Eles já haviam explorado cavernas escondidas, florestas esquecidas e até o sótão da biblioteca municipal, onde encontravam mapas e lendas que atiçavam sua curiosidade. Quando ouviram novamente os relatos sobre a casa da colina, viram ali um desafio irresistível. Luísa, sempre destemida, afirmou com convicção que se ninguém havia encontrado a saída, era porque não soubera procurar. Pedro, o mais analítico, começou a planejar os detalhes, enquanto Sofia, sonhadora, imaginava que tesouros e mistérios poderiam estar escondidos lá dentro. Miguel, apesar de hesitar inicialmente, não conseguiu resistir ao entusiasmo dos amigos.
Ao entardecer, reuniram-se ao pé da colina, carregando mochilas com lanternas, cordas e outras ferramentas que consideraram essenciais para a missão. À medida que subiam, o vento parecia mais frio e a casa, mais imponente. Quando chegaram ao portão de ferro enferrujado, perceberam um letreiro pendurado, quase invisível, onde se lia: “Cuidado”. Por um instante, hesitaram, mas Luísa empurrou o portão, que rangeu alto, ecoando pela colina silenciosa. O grupo avançou, sentindo uma mistura de medo e excitação.