A Realidade e a Linguagem. E nós no meio.
Creio que nunca estivemos tão bombardeados de letras, sons, palavras, frases, parágrafos, eloquência marketeira, fórmulas manipulativas e muitos desvios da linguagem que nos caem por todos os lados como numa tempestade de bombas incendiárias, por mais que estejamos protegidos sempre há fogo suficiente para nos queimar.
Ao nos depararmos com esse desenfreado Blitzkrieg constante, sem nos darmos conta de sua chegada, incapazes de notarmos suas mutações, disfarces e artimanhas, não conseguimos defesa satisfatória. O risco, para nós, não consiste em ouvirmos uma linguagem mal falada, ou cairmos na mais recente empulhação financeira, ou sermos incapazes de expressarmos nosso eu íntimo. O perigo aqui está no campo da extinção da Fala mesma. Aquela que tem o poder de moldar a realidade humana.
Estamos na era do olhar; ao olho foi dada uma capacidade maravilhosa de poder espraiar-se para o campo de batalha, amplo, longínquo, contemplar todas as coisa. Pode seguir Wordsworth, deitado no sofá, voltar-se pra dentro naquele inward eye que é a benção da solidão. Ainda assim o olho tem uma limitação. O olho não pode ver aquele que fala.
"Esse interior do homem real, no entanto, compreende todas as coisas às quais estamos conectados com nosso amor ou com paixões de outros tipos: assim, o “eu” amado, o “você” amado, o “ele” odiado, o “eles” temido e assim por diante.
Pretendo empreender uma expedição que nos leve pelos meandros de teorias e aplicações da linguagem que sempre margeiam mas nunca alcançam "aquele que fala", para que possamos voltar dessa expedição com elementos suficientes, fortalecidos incontestavelmente, para resistirmos às teorias e podermos adotar a única posição do homem real, a de quem fala a fala verdadeira.