Pensamento Crítico

A revolução digital inaugurou um tempo caracterizado pela vastidão de informações, acessíveis, muitas vezes, a partir de um simples mecanismo de busca. Essa nova estrutura tecnológica, muitas vezes rotulada de “Big Data”, impacta profundamente as mais variadas atividades humanas - educação, política, negócios, esportes, medicina para citar algumas. Tal impacto responde às especificidades próprias de cada área; porém, em todos os casos, estamos diante de mais uma revolução no conhecimento. E conhecimento fundamenta-se na interação entre dois pólos: nossas competências cognitivas enquanto seres humanos e o mundo que nos cerca. Certo sucesso nessa interação é condição para nossa sobrevivência desde os tempos mais remotos.

Mas há algo aparentemente novo: atualmente, a quantidade, profusão e geração de informações escancara, numa ponta, este mundo que nos cerca. Cabe o trocadilho: “os dados estão aí, de bandeja”. Um dos pólos parece, assim, ter facilitado as coisas. Ironicamente, porém, o outro pólo parece nem sempre estar preparado para tanta abundância: é um desafio às nossas competências intelectuais absorver, conectar e qualificar tanta informação. Por um lado, buscamos reduzir as incertezas e nos abastecer de informações “completas” para realizar as melhores escolhas e aprimorar nossas ações. Por outro, falhas em nosso processamento e julgamento sobre os dados podem resultar no avesso destes propósitos.

Aprimorar o pensamento crítico é fundamental para mediar essa interação entre aquele que observa e o que está sendo observado. Falamos aqui da crítica construtiva, disposta a analisar e sintetizar os dados de maneira honesta. E do pensamento a um tempo ambicioso e humilde. Ambicioso porque visa compreender e de certa maneira capturar a vastidão de incógnitas o cerca - e isso exige disciplina, treino, técnica. Humilde, porque é anti-dogmático e sabe que não há garantias permanentes de sucesso, que devemos estar abertos ao “novo” - isso envolve, sem dúvida