A Abadia de Northanger e o Gótico
Publicado em 1818, A abadia de Northanger é uma obra que celebra leitores de romances em uma época em que esta forma literária ainda era marcada por uma considerável falta de prestígio. Além disso, o romance é também a origem de diversos debates na crítica especializada que se estendem de dúvidas quanto à data de sua composição original ao propósito por trás do exercício empreendido por Jane Austen ao parodiar o gótico radcliffeano.
A publicação póstuma de A abadia de Northanger foi acompanhada por documentos cruciais para os estudos austenianos. Claudia Johnson e Clara Tuite observam que foi com a publicação desta obra e de Persuasão que um mito comum acerca de Jane Austen foi “inventado” pelo irmão da autora, Henry. No “Aviso Biográfico da Autora”, ele alegou que Jane teria começado a escrever romances apenas como uma atividade de lazer, sem pretensões sérias ou ambições comerciais.
Por outro lado, no “Aviso da Autora”, também publicado como um anexo a Northanger, a frustração expressada pela própria Jane com a aquisição e posterior não-publicação da obra por parte de um editor revela que, para ela, era primordial ver suas obras publicadas.
Neste curso, analisaremos o projeto romanesco de Jane Austen a partir de uma investigação da sua manipulação de imagens, convenções e dispositivos do gótico em A abadia de Northanger. Adotaremos a leitura desta obra e de sua fortuna crítica como um método para ampliar nossos conhecimentos acerca de Austen enquanto escritora e leitora.
Frequentemente lida como uma sátira ao gótico setecentista, a obra foi reavaliada pela crítica especializada como uma celebração de formas literárias populares na virada do século XVIII para o XIX. Reconhecer este elemento da escrita de Jane Austen nos permite interrogar uma série de noções cristalizadas a respeito da autora e produzir uma reavaliação dos debates que A abadia de Northanger propõe.
Este é um curso voltado a todos os leitores de Jane Austen.