Alzheimer recolhendo os pedaços

Em 2006 meu pai foi diagnosticado com Alzheimer, não conhecia essa doença e fui procurar em sites de busca, só encontrei textos científicos, ou informações para pessoas da área da saúde.

Criar um blog para contar a rotina de alguém, que recebe o diagnóstico de um familiar com Alzheimer e a partir daí será “cuidador familiar”, mesmo que não saiba o que isso significa.

Em 2007 meu pai faleceu e eu parei com o blog.

Em 2013 minha mãe começou a apresentar sinais de demência, eu retomei o blog e esse pesadelo chamado Alzheimer.

Continuei anotando a rotina, o medo, a orfandade, o desgaste físico, emocional e espiritual... em dezembro de 2015 mamãe faleceu e eu saltei num abismo, sem paraquedas, esperança, ou fé.

Em 2017 lancei - Alzheimer - Diário do esquecimento - o primeiro livro da trilogia que me propus a escrever, sobre a experiência visceral e assustadora, de uma filha que cuidou do pai e mãe, portadores da Doença de Alzheimer.

Em Alzheimer - Diário do Esquecimento eu conto o início do pesadelo, o diagnóstico a rotina e a experiência aterradora da impotência e despedida.

Durante três anos revi minhas histórias, expus minhas feridas, revolta, cansaço, medos e tentei aprender com tudo isso. Desses textos nasceu - Alzheimer - Recolhendo os Pedaços – para expor a realidade do cuidador familiar e denunciar a solidão, invisibilidade, falta de apoio e informações, assim como mostrar que esse pesadelo não termina com a morte do paciente. A vida do cuidador se transforma em um amontoado de lembranças dolorosas, despedidas, mágoas, revolta, decepção, choro e saudade. Buscar cada pedaço que ficou perdido e recomeçar é tarefa tão difícil quanto cuidar.

Em 2020 lancei – Alzheimer - Assombro e Cura do Cuidador – na tentativa de responder a apenas uma questão – “e agora?”.

Aprendi que não poderia sobreviver a tudo isso sozinha, e contei do caminho que trilhei para amenizar a doença pós Alzheimer; quem sabe o meu remédio possa servir para outras pessoas que tem as mesmas feridas.