O HOMEM QUE TUDO LEU
O Homem que tudo leu é um opulento volume ficcional/ensaístico de fácil e surpreendente leitura. Em suas quase setecentas páginas são delineadas, com pincel subjetivo e preciso, personagens leitoras tão singulares quanto Barbosa (aprendiz de acadêmico e... “quadradíssimo”) e Tobias Barreto de Menezes — figura histórica que já foi mote nos idos novecentistas, agora resgatado como escritor e gênio de sensibilidade intelectual e atualíssimo dado seu viés crítico ácido simultaneamente poético e objetivo. Tobias Barretto, mais do que muito lido (ou esclarecido), é o homem que não transige e “não negocia”.
Toda a trama é desenvolvida em dois capítulos. O primeiro trata da exposição dos perfis de leitores de Tobias através de uma narrativa informada pelos pressupostos da Sátira Menipeia, numa alegoria metacrítica. Toda a narrativa se dá no decurso de uma carraspana de dimensões rabelesianas, em um sórdido boteco, onde dialogam as personagens de um pedreiro e de um filósofo, de um doutorando e de um malandro, discutindo a leitura, a cultura, a educação e as relações entre homem e sociedade, sob a luz dos escritos “tobiáticos”.