O mapa do subsolo

Nossa cultura é dominada pelo «subsolo» imaginado por Dostoiévski em 1864. Uma posição de paralisia, de impotência, em que você nunca pode ficar vulnerável. O tempo todo você precisa mostrar sua vitória moral. Precisa mostrar que, mesmo estando na pior, você está ótimo, é ali mesmo que você gostaria de estar.

No subsolo está o comentarista da internet que vocifera com o teclado, bem longe do seu alvo. Todo o seu poder está ali. Na famosa vida real, ele fugiria de uma barata.

No subsolo está o consumidor da pornografia que não corre o risco de abordar uma pessoa de verdade.

No subsolo está também aquele que se arma de técnicas de sedução, porque mostrar-se verdadeiramente é impensável.

No subsolo estão todos aqueles que ficam divididos entre sonhos grandiosos, imaginando uma vida plena de desejos realizados, e a certeza persistente, lá no fundo, de que eles mesmos não passam de um cocô.

É a esse estado que corresponde a imagem poética do «subsolo». Dostoiévski criou-a para falar de um pequeno funcionário público de um país estagnado, que abusava do seu poderzinho e não era convidado para festas.

Mal sabia ele que estava prevendo o clima geral de toda uma cultura.

Dostoiévski se perguntou como sair do subsolo. Será que você consegue se convencer de que está mesmo acima de todo mundo, talvez encenando a magnanimidade?

A resposta é simples: não. Para sair do subsolo, é preciso virar o jogo totalmente.

É essa a proposta deste curso. Quem se identifica com o subsolo pode entendê-lo melhor com a ajuda da literatura — e, logo depois, traduzir essas imagens em noções da área de saúde mental como vergonha tóxica, a paralisia como resposta ao trauma, ou o transtorno do estresse pós-traumático complexo.

Esses nomes podem soar mais grandiosos do que o próprio «subsolo». Mas, com eles, você pode ter um mapa para começar um bom trabalho, seja sozinho, seja com a ajuda de um terapeuta ou de um psicólogo.

O acesso ao curso dura enquanto durar a Hotmart!