Conheça os principais planos de câmera
Enquadramento aberto, fechado, close-up, detalhe, de passagem: esses nomes podem não ser tão populares, mas certamente você reconhecerá os efeitos que eles causam no público. Saiba mais!
O que veremos nesse post:
Produzir vídeos hoje é mais fácil do que nunca. Praticamente qualquer celular tem uma câmera e um microfone bons o suficiente para gravar vídeos com qualidade.
Mas não é só apontar e esperar que fique com a mesma qualidade de uma grande produção. Para isso, você precisa entender outros aspectos da cinematografia, como os planos de câmera.
Amadores e novos produtores podem se apegar demais ao conteúdo explícito de um vídeo, como o roteiro de fala. Mas é na forma como a imagem é enquadrada e construída que você comunica a maior parte das emoções que provoca na audiência. Conhecer as melhores câmeras é apenas um passo. O próximo é saber como usá-las.
Neste texto, vamos conhecer justamente os planos de câmera mais utilizados para fazer vídeos e qual é a expressão de cada um em uma cena.
O que são planos de câmera?
Os planos de câmera são definidos como um conjunto da distância entre a câmera e seu objeto de foco e do tipo de lente em uso.
Essa é a base para formar o enquadramento de uma cena, o que afeta a experiência da audiência ao assistir o seu vídeo.
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Tipos de planos de câmera
Escolher o posicionamento de câmera certo muda as sensações que o seu vídeo transmite. Esse é um dos aspectos que separa um vídeo profissional de um amador.
Em geral, há dois tipos principais de planos, cada um com suas subdivisões. Confira aqui:
- planos mais abertos são descritivos, ajudam a ambientar e situar o espectador na história;
- planos mais fechados são expressivos e dramáticos, porque a proximidade ajuda a captar sentimentos e transmiti-los ao público.
Não é que existe um plano mais importante ou melhor que o outro. Para fazer um bom vídeo, você deve conhecer as técnicas e saber quando usá-las para ter o efeito que deseja. Confira os planos de câmera mais comuns e suas aplicações.
Plano aberto (very long shot — P/G)
O plano aberto — também chamado de plano geral ou very long shot — é o que mostra uma visão panorâmica. Normalmente, esse tipo de plano isola uma figura humana ou um objeto em uma paisagem ampla.
Sua principal função é a de ambientar o público, mostrar o lugar ou a passagem do tempo. Por exemplo, a cena da série Star Trek: Discovery, em que duas silhuetas aparecem caminhando em um enorme terreno de areia.
Outro exemplo é no filme O Iluminado, de 1980, uma das cenas mais icônicas é a visão de cima do labirinto onde, mais tarde, ocorrerá uma perseguição. Ao aproximar a câmera, percebemos que há uma pessoa no centro.
Você pode usar esse plano para criar perspectiva sobre algo grandioso. Uma imagem de cima de uma montanha ou de um arranha-céus, por exemplo.
Plano médio (long shot — P/M)
Já o plano médio — ou long shot — é um pouco mais próximo do que o aberto, mas ainda mostra bastante do ambiente. Ele serve para estabelecer uma relação temática entre o personagem e o espaço.
No exemplo do filme Blade Runner 2049, o protagonista caminha em meio a gigantescas estátuas femininas, localizadas em uma Las Vegas em ruínas.
É o plano ideal para mostrar ao seu público o ambiente, mas sem apagar quem está na câmera. Se for apresentar uma localidade, mas não vai sair de cena, essa é a pedida certa.
Plano americano (mid shot — P/A)
O chamado plano americano — ou mid shot (médio/moderado) — é um dos enquadramentos que já caminha para o campo das expressões. Embora ainda mostre um pouco do ambiente, a câmera normalmente mostra os personagens dos joelhos para cima e não foca em temas.
Nesta cena do seriado Twin Peaks, por exemplo, temos um diálogo entre dois personagens que demonstra uma inter-relação de alento ou de cordialidade.
Em Cowboys & Aliens, também temos um exemplo de mid shot, com o foco mais próximo da silhueta do personagem.
Esse é um plano de câmera muito usado em telejornais, pois dá um bom equilíbrio entre o ambiente e a pessoa que está falando.
Primeiro plano (close-up — P/P)
O close-up é um clássico entre os planos de câmera. Ele serve para dar foco aos sentimentos do personagem, com a câmera bastante próxima.
Normalmente, ela se concentra na figura humana dos ombros para cima. Dois exemplos são as cenas de O Regresso e de Full Metal Jacket.
Na primeira, a expressão que a cena nos passa é de cansaço e tristeza.
Na segunda, o foco no rosto, o gesto com a mão e até mesmo o ângulo de baixo para cima transmite um efeito de autoritarismo ou opressão.
É um bom plano para criar um nível de intimidade entre a audiência e o objeto na tela. Ele está na distância certa para ver seus principais detalhes, mas sem obscurecer o espaço ao redor.
Primeiríssimo plano (big close-up — Pº/P)
Já no primeiríssimo plano, as lentes da câmera nos levam ainda mais fundo no sentimento do personagem. Só uma parte do rosto fica enquadrada, dando a sensação de alguém encarando, o olhar tomando quase toda a tela. Fica literalmente impossível desviar.
A clássica cena do filme O Silêncio dos Inocentes é um exemplo. O filme nos faz sentir medo de Hannibal não só pelo contexto, mas porque, em várias cenas, ele está nos encarando como um pedaço de carne, o alvo de um predador.
Em Closer: Perto Demais também temos um exemplo de primeiríssimo plano. O close acentuado no rosto da personagem evidencia bastante a carga emocional.
Esse aqui é melhor para cenas dramáticas, ainda mais que o close-up normal. Mais detalhes saltam à tela, deixando tudo mais intenso.
Plano detalhe (extra big close-up — P/D)
Achou que o primeiríssimo plano já foi bem perto? Mas é sempre possível ir mais adiante, que é o que o plano detalhe faz. Ele chega tão próximo que mais esconde do que revela.
O objetivo é criar uma sensação de mistério e a surpresa posterior quando o enquadramento fica mais amplo, o que ajuda a prender a atenção do espectador.
Esse tipo de enquadre aparece no filme Requiem For a Dream, em que o foco nos olhos mostra as transformações na pupila depois do uso de substâncias químicas.
Outro exemplo está na série Breaking Bad, com a câmera focando em uma mosca sobre as lentes dos óculos.
É uma forma de mostrar os mínimos detalhes de um objeto específico em foco, o que pode ser útil em uma análise ou para obscurecer a cena completa.
Plano sequência (long take)
O plano sequência é muito interessante para dar a ideia de continuidade e dinamicidade. Ele é caracterizado por ser um shot sem cortes visíveis, com uma cena passando praticamente sem interrupção.
Na série Demolidor, temos um exemplo muito bom: são mais de 3 minutos de gravação contínua em uma cena de luta no corredor — um número bastante impressionante no meio cinematográfico.
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Um plano sequência dá a sensação de estar em um tour ou de acompanhar um evento ao vivo. A falta de cortes também significa que há menos quebras de tensão. Tudo apenas acontece continuamente.
Plano inicial/de passagem
Já o inicial ou de passagem é um dos planos de câmera empregados para situar o público quando há mudança de localização na narrativa. Não é exatamente um tipo de plano de câmera, mas uma forma de usá-lo.
Normalmente, o diretor pode optar por usar um plano aberto com cortes para a troca de ambientes. No entanto, há outras formas de se mostrar essa passagem.
No filme Chumbo Grosso, por exemplo, há uma cena em que o personagem passa por diversos ambientes em pouco mais de 30 segundos. A câmera passa por cortes rápidos intercalando shots panorâmicos e closes.
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É uma forma de comunicar a passagem do tempo ou uma mudança de cenário. Quer esclarecer que se passou um dia? Coloque uma cena do ambiente escurecendo e depois amanhecendo.
Como criar boas histórias com planos de câmera?
Como você viu, os planos de câmera fornecem os mais variados efeitos na cena. Para quem trabalha com a produção de vídeos, entender o poder dos enquadramentos é importante para conseguir shots mais direcionados.
O posicionamento certo é capaz de contar a história de um jeito diferente e criar determinadas sensações e respostas emocionais no público. Para quem quer praticar, existem alguns aplicativos que simulam câmeras profissionais, com seus efeitos e diferentes lentes.
Seu vídeo também não precisa ser sempre algo artístico. Você pode usar esses conhecimentos básicos para qualquer conteúdo, seja para gravar videoaulas, curtas ou pequenos registros do dia a dia.
Para deixar seus vídeos ainda mais profissionais, veja também nosso post sobre como gravar em ambientes externos.