A decupagem é uma técnica muito utilizada na indústria audiovisual. Ela consiste na divisão e no planejamento de um vídeo em sequências.

Os profissionais e produtores de conteúdo em formato de vídeo que utilizam essa técnica podem criar efeitos que engajam a sua audiência. Ela pode ser usada tanto para a produção de grandes filmes quanto para pequenas ações de marketing.

Neste artigo, explicaremos o seu conceito, os seus principais tipos e como ela pode ajudar na produção de vídeos. Boa leitura!

O que é decupagem?

A palavra decupagem tem origem na língua francesa, do termo original découpage. Significa cortar e recortar, para dar forma aos objetos em cena.

Esse é um termo usado em vários segmentos das artes. Porém, é mais conhecido por ser um dos mais importantes passos na produção audiovisual, de qualquer tipo de projeto ou ramo, dentro dessa área.

Na indústria cinematográfica, a decupagem é a técnica de dividir as cenas em planos. Dessa forma, é possível organizar todo o conteúdo e determinar a ordem em que elas serão compiladas.

Para que serve a decupagem?

A decupagem estrutura todas as ideias de como serão feitas as filmagens. Com ela, é possível determinar previamente a melhor posição da câmera, assim como o enquadramento dos atores e dos objetos.

Essa é uma técnica que auxilia a direção das produções audiovisuais na organização dos detalhes. Com ela, o diretor consegue ter uma visão mais ampla do todo. Assim, é possível estabelecer ligações mais assertivas entre as cenas, bem como realizar mudanças de roteiro que sejam pertinentes.

Quais são os tipos de decupagem?

Agora que você sabe o que é e como surgiu a técnica, vamos apresentar os principais tipos de decupagem que podem ser utilizados na construção de um conteúdo em vídeo.

Após a leitura, você saberá qual é a melhor forma de aplicá-los e em qual conteúdo cada um se encaixa melhor. Acompanhe!

Roteiro técnico ou roteiro decupado

Em inglês, o termo roteiro decupado, ou roteiro técnico, que também pode ser utilizado, é conhecido como shooting script (em tradução livre, script de filmagem).

Historicamente, a expressão decupagem começou a ser utilizada na década de 1910. O termo surgiu no livro de Jacques Aumont e Michel Merie, denominado “Dicionário Teórico e Crítico de Cinema”.

No livro, considerado um dos precursores da teoria escrita sobre cinema, Aumont e Merie compilaram cerca de 400 verbetes e expressões sobre cinema. Entre essas expressões, apareceu a de roteiro decupado.

O termo foi descrito como a caracterização da forma com a qual os filmes deveriam ser feitos. Ou seja, um tipo de padronização das práticas para a gravação.

Assim, tudo o que dizia respeito àquele trabalho audiovisual, desde as locações onde seriam realizadas as filmagens até quais os tipos de lentes das câmeras, eram definidos nesse tipo de “documento”. Ele facilitava o trabalho da direção em lidar com todos os profissionais envolvidos.

Dessa forma, a decupagem se encaixa em uma documentação que roteiriza o que será gravado e funciona da seguinte maneira: antes das filmagens, o diretor deve fazer um planejamento visual do seu roteiro.

Para isso, ele deve visualizar todas as cenas mentalmente, a fim de fazer uma boa descrição para a sua equipe de filmagem.

É nesse momento que é feita a decupagem de roteiro ou decupagem técnica. Por meio desse processo, o diretor deve determinar qual deve ser o plano utilizado em todas as cenas, bem como os diálogos e efeitos visuais.

Ainda por meio dessa análise, devem ser levantados todos os materiais que serão utilizados nas cenas, como os figurinos, os elementos e os equipamentos, para que o resultado seja equivalente ao planejado pelo diretor.

Ordenação dos planos

Em 1940, a decupagem ganhou outra cara. O termo passou a representar e apresentar uma definição que englobou algo mais voltado para a crítica do trabalho, em vez de ser somente relacionado ao passo a passo de sua produção.

Assim, nasceu a definição clássica de decupagem. Para ser mais exato, esse conceito surgiu em 1951, quando André Bazin mostrou o novo sentido da expressão em algumas publicações para uma revista chamada “Cahiers du Cinéma”.

Alguns anos depois, em 1958, Bazin compilou os mesmos artigos em sua obra “Qu’est-ce que le cinéma?”. A definição de Bazin passou a contemplar a decupagem como uma designação da estrutura de um filme, como um conjunto ordenado de plano da obra. Algo que pode ser percebido pelos olhares mais atentos e críticos dos espectadores.

Forma do filme

Noel Burch, conhecido crítico de cinema, apresentou outro significado ao termo decupagem. Ele trouxe esse novo conceito no seu livro “Praxis do Cinema”, de 1969.

Na obra, o autor apresenta a ideia de que o filme corresponderia a um conjunto de “fatias de espaço”, que seriam correspondentes ao enquadramento dos planos, e “fatias de tempo”, sendo relativas ao tempo de duração dos planos.

A decupagem, no entendimento de Burch, traz consigo alguns aspectos que estabelecem um caráter cumulativo ao termo, como:

• A documentação das cenas do filme por escrito, com detalhes técnicos em destaque;
• As decisões tomadas pelo responsável das filmagens, quanto aos planos e seus possíveis cortes;
• “A feitura mais íntima da obra acabada, resultante da convergência de uma decupagem no espaço e de uma decupagem no tempo”.

Isso significa que a decupagem do filme tem um início, meio e fim. Começando pelo planejamento, indo até a execução das filmagens e sendo finalizada na montagem do conteúdo.

Nas décadas de 1950 e 1960, a ideia de decupagem com o teor identificado por Burch somente existia na linguagem da cinematografia francesa. Nos Estados Unidos, por exemplo, os cineastas efetuavam a marcação (set-up) e a montagem (cutting) separadamente.

Listagem posterior (pós-produção de vídeo)

Ao chegar ao Brasil, o termo ganhou um outro significado. Aqui, passou a ser utilizado principalmente por profissionais da televisão e se tornou algo contrário ao seu conceito mais antigo: o planejamento das filmagens.

Ele se tornaria um processo de pós-filmagem ou pós-produção. Passou a ser chamado de decupagem de claquetes, minutagem e decupagem de fitas.

Nesse método, são registradas todas as particularidades de cada trecho do filme. Além disso, é apresentado o ponto em que isso era gravado na fita. Dessa forma, a pós-edição do material poderia se localizar de maneira mais eficiente. Assim, eram observados os pontos em que seriam necessárias quaisquer alterações.

Conhecido hoje como minuta de decupagem, esse documento ajuda na construção da essência da imagem do projeto do vídeo.

Ele sofre alterações durante todo o processo, ajudando, assim, no direcionamento da visão e na organização de quem está dirigindo. Isso porque é muito comum que as produções sejam bem tumultuadas, devido ao grande número de profissionais envolvidos.

A minuta de decupagem é, normalmente, dividida em:

• Cabeçalho: tem o modelo do roteiro, com numeração de cena e as divisões de tempo e espaço;
• Número da tomada: é uma descrição especificando o que deve ser enquadrado.

Decupagem para edição

Engana-se quem pensa que o trabalho termina após a gravação de todas as cenas, de acordo com o planejamento do diretor. Pelo contrário, após esse processo, o material segue para um trabalho extenso de edição.

Nessa etapa, os profissionais responsáveis devem assistir a todo o material bruto produzido durante as filmagens. Em seguida, deve ser feito um processo de seleção e montagem, para garantir a qualidade do vídeo.

Durante esse processo, os profissionais devem selecionar as melhores tomadas e fazer os cortes ideais, para que o material agrade à audiência. Para isso, é importante saber com exatidão o momento em que se inicia e termina cada cena. Esse processo também é conhecido como decupagem.

Decupagem no dia a dia

Como você pode perceber, a decupagem se tornou um método muito importante para a produção audiovisual devido à sua eficiência na organização de um set de filmagens. Além disso, pode ser utilizada para ordenar pequenas e grandes produções. Por isso, não deixe de utilizá-la na sua próxima produção de conteúdo.

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