Mais que traduzir, é preciso localizar: como levar o seu produto digital para os quatro cantos do mundo
Entenda o que é localização de conteúdo e faça o seu produto digital romper todas as fronteiras, falando a língua das suas personas em qualquer lugar do planeta.
O que veremos nesse post:
Olá! Eu sou o Adriano, coordenador da equipe de Localização e Tradução aqui da Hotmart. O trabalho de localização de conteúdo que a nossa equipe realiza é muito simples:
Somos uma ponte que conecta os times da Hotmart ao mundo inteiro, expandindo globalmente a nossa cultura, nossos valores e serviços.
Em outras palavras, o que os localizadores fazem vai muito além de apenas traduzir o conteúdo, seja de um blog post, dos botões da plataforma, nossas políticas de uso, ou nossos sites. Eles se inserem na cultura de quem vai ler o que está escrito ali, adaptando, recriando, adequando todo o texto, imagens, exemplos, formas de tratamento e até mesmo os CTAs.
Em suma, modificando e regulando todo o conteúdo para que, além de ser linguisticamente apropriado, esteja de acordo com a cultura e os valores do país ou região de quem está lendo, quem está sendo impactado por aquelas informações.
Antes de mais nada: será mesmo necessário localizar meu conteúdo?
Vocês verão que a resposta para essa pergunta é bem óbvia, mas vamos dar uma olhada em dois exemplos antes de respondê-la.
Você tem um produto digital escrito em português do Brasil, por você, que é brasileiro. E quer vender não só no Brasil, mas em todos os outros nove países que que falam o português como língua oficial.
A língua é a mesma, certo? Então, além dos quase 210 milhões de habitantes no Brasil, basta criar páginas de venda nesses outros países e começar a divulgar, certo?
Bem… Errado.
Apesar da norma-culta seguir as mesmas regras, todas essas “versões” do idioma de Camões são repletas de variações em vocabulário, soletração, expressões e muitos detalhes que apenas quem está lendo um conteúdo que foi escrito por um nativo daquele lugar consegue identificar.
E se num país como o Brasil temos diversas variantes do português que falamos aqui, imagine em todos esses países, distribuídos ao redor do mundo!
Um segundo exemplo vem com o inglês.
Muita gente acha que basta traduzir para o inglês e pronto, todo mundo vai entender ou se interessar pelo seu conteúdo no idioma de Shakespeare. Mas não, esse é outro erro muito comum.
Mesmo o inglês sendo a língua “oficial” dos negócios e muitos a estudarem no mundo todo, apenas 20% da população fala inglês. Ou seja, existem outras 6 bilhões de pessoas que não falam a muitas vezes chamada “língua universal”.
Ah, e aqui temos um detalhe importante: apesar de ser a língua “mais famosa” do mundo, o inglês está em terceiro lugar das línguas mais faladas no planeta. A primeira é o mandarim, e você já deve ter adivinhado qual é a segunda: espanhol! Mas vamos voltar ao inglês, que apesar desses detalhes, é realmente muito importante.
Mesmo entre os nativos que falam inglês, existem muitas variações que também mudam vocabulário, soletrações e expressões. E são tantas as diferenças que, às vezes, algo que deveria ser prazeroso de ler se torna difícil, tedioso, e a pessoa simplesmente desiste.
Sem falar que as pessoas preferem fazer compras e ler conteúdo na suas próprias línguas. E temos estudos que provam isso!
Segundo uma pesquisa da Common Sense Advisory com mais de 3 mil consumidores globais de países que não falam o inglês como primeira língua, 75% preferem comprar produtos na sua língua nativa e, mais do que isso, 60% nunca ou raramente compram em sites que só existem em inglês.
Um outro estudo importante mostra que apenas nos Estados Unidos mais de 40 bilhões de dólares foram gastos em serviços de tradução e interpretação, apenas no ano de 2016.
Agora ficou fácil responder aquela pergunta, não é?
Quando você leva o seu produto digital para outros países, a localização de conteúdo não é apenas uma opção, é uma necessidade.
Mesmo se for mudar a soletração de algumas palavras em um texto, retirar expressões, ou mudar as medidas ou moedas que são usadas, localizar o seu conteúdo é imprescindível para qualquer empresa que quer romper as barreiras nacionais.
Aqui na Hotmart, o time de Localização e Tradução trabalha para dois clientes:
- o primeiro é formado pela equipe que produz o conteúdo original (seja ele em português, espanhol, ou inglês),
- o segundo, o nosso usuário final, que terá acesso aos conteúdos já traduzidos e localizados.
Por isso, a prioridade são sempre os clientes finais, que terão acesso ao conteúdo como se ele tivesse sido produzido naquela língua que eles estão lendo ou assistindo.
Vou te mostrar um exemplo simples, do nosso blog da Hotmart. Esse é um texto sobre estratégias de marketing para atrair clientes.
Dê um olhada no visual dele quando o texto está em português:
E aqui está o conteúdo localizado para o mundo hispanofalante:
Agora, deem uma olhada em como ele fica na sua versão para o mundo árabe:
A gente nem precisa saber o que está escrito para entender que foi um trabalho que envolveu muito mais do que simplesmente a tradução do conteúdo, não é mesmo?
A posição dos botões, a leitura da direita para esquerda, a imagem adaptada. Isso sem contar nas mudanças que estão no conteúdo, com exemplos diferentes e uma linguagem pensada nas pessoas que estão lendo em árabe.
Por isso este post é sobre a localização de conteúdo, para você levar seu produto para os quatro cantos do mundo!
Por que aprender sobre localização?
A resposta é simples. Hoje, você não precisa estar presente numa sala de aula, com seus alunos presentes, para ensinar o que você sabe.
Com os cursos online, você pode ter milhares de alunos nos mais diversos estados e cidades, fazendo suas aulas a qualquer hora do dia ou da noite, tirando dúvidas por email e recebendo um certificado de conclusão.
Bem, mas isso você já sabia, e é por isso que você tem um produto digital.
E se você pode fazer isso para todo um país, por que não fazer para outros mercados?
É aí que entra a localização.
O que vamos ver hoje é como pensar em localizar o conteúdo, como contratar freelancers ou empresas que façam isso com a qualidade que o seu produto merece e como ter um controle de qualidade sobre o trabalho que foi feito.
1 – Localização x Tradução
Muita gente confunde localização com tradução.
Primeiro, vamos falar sobre a tradução. Esse é o conceito mais simples, mais primário que temos aqui, e é isso mesmo que vocês estão pensando. Converter texto escrito de uma língua para outra.
Hoje, temos muitos aplicativos que traduzem textos automaticamente. Mas nem sempre sai do jeito que a gente esperava, e todos nós já nos deparamos com um texto e falamos “hmm, isso aí foi direto no Google Translate”.
Às vezes, uma tradução errada pode ser extremamente prejudicial para um negócio.
Alguns exemplos:
- No final dos anos 80, o famoso slogan da KFC, “de lamber os dedos”, foi traduzido para chinês erroneamente para algo como “coma seus dedos”. No final, eles corrigiram o erro e hoje a KFC é a principal cadeia de fast-food na China.
- Em 2009, o banco HSBC teve que mudar toda uma campanha de mais de 5 anos por causa de traduções erradas. O lema era “Presuma Nada” (Assume nothing), mas em vários países os tradutores passaram a frase para “Faça Nada” (Do nothing). O banco teve de gastar mais de 10 milhões de dólares para mudar toda a campanha e o slogan para “O banco privado do mundo” (The world’s private bank).
- E, muito raramente, erros de tradução acabam se tornando uma ótima oportunidade. No jogo Street Fighter, a tradução do japonês para o inglês acabou criando um novo personagem. Isso porque uma das falas de um dos personagens citava o nome de um golpe, mas foi traduzida como o nome de uma pessoa. A frase acabou ficando assim: “Se você não conseguir superar Sheng Long, você nunca será o vencedor”. Os jogadores ficaram loucos tentando encontrar esse lutador no jogo e, em 1992, uma revista publicou uma série de instruções dificílimas para achar o lutador, mas era apenas uma pegadinha de primeiro de abril.
Hoje em dia, os bons tradutores trabalham com diversas ferramentas além dos tradicionais dicionários. Existem bancos de dado de memória de tradução, diferentes programas que auxiliam os tradutores a encontrar as melhores equivalências, e CAT Tools (CAT TOOLs – Computer-aided Translation, Ferramentas de Tradução Assistida por Computador), que juntam o melhor dos dois mundos: algoritmos e a experiência humana.
Em suma, os tradutores têm à sua disposição diversas ferramentas, com diferentes interfaces, para ajudar no seu trabalho.
Um dia, talvez, todo o trabalho de tradução possa ser feito por computadores. Mas eu arrisco dizer que esse dia ainda está bem longe. E se é bem difícil encontrar um programa que faça uma excelente tradução automática, encontrar um programa para fazer localizações vai ser praticamente impossível.
A localização vai muito além da tradução. A tradução está focada muito mais na parte linguística, e a localização junta também a parte cultural de uma forma muito mais abrangente.
Enquanto traduzir diz respeito à língua e como contextualizar o que está sendo dito em um idioma para o outro, localizar vai além disso.
O conteúdo precisa ser caracterizado para o local, para que a pessoa que está sendo impactada por aqui sinta como se um conterrâneo dela tenha produzido aquele texto, criado aquela imagem, gravado aquele vídeo.
Como mostramos com o exemplo do blog da Hotmart, localizar é tornar um conteúdo agradável, fluido, com referências que o leitor vai entender. Enfim, o foco da localização é trabalhar a empatia.
Isso acontece, por exemplo, com nomes de marcas que já ultrapassaram o significado original e assumiram status de ditos populares, comparações que fazemos o tempo todo.
Imagine apenas traduzir “isso não é lá uma Brastemp” para outro idioma. Ou “esse vídeo deu muito Ibope”. Isso não funcionaria se não achássemos outras marcas e instituições na língua-alvo que tenham o mesmo impacto.
Grandes marcas também usam a localização para criar campanhas efetivas no mundo todo.
Quem não se lembra da campanha com nomes nas latas de Coca-Cola?
Imagine se os nomes aqui e no resto do mundo fossem os mesmos dos Estados Unidos, como Mary, John ou Bobby? Claro que eles usaram nomes mais comuns aqui.
E na China, onde não é comum se referir a uma pessoa pelo primeiro nome, eles trocaram por termos como “melhor amigo” ou “colega de sala”. Dessa forma, eles atingiram o objetivo de elicitar conexões pessoais.
Uma empresa que faz localizações muito bem é a Pixar. O filme “Divertida Mente”, por exemplo, foi um sucesso mundial, e nele podemos ver diversos exemplos de uma localização extremamente bem-feita.
O próprio diretor do filme disse ter percebido que se o filme fosse exibido da mesma forma em todos os países, do mundo, muita coisa não faria sentido.
Na cena em que uma criança se recusa a comer vegetais, por exemplo, na versão original, o que ela acha nojento são os brócolis que o pai oferece. Mas no Japão, as crianças gostam de brócolis, e a versão exibida lá troca o vegetal por pimentões verdes. É sutil, mas a diferença que faz é enorme!
Outra cena mostra o pai da família sonhando acordado durante um jantar. Na cena original, ele está pensando em hóquei no gelo. Mas é claro que isso não funcionaria em muitos outros países. Então, a solução foi trocar o esporte pelo futebol, o que funciona muito bem em outros mercados, concordam?
Fica fácil perceber que o objetivo da Pixar era simplesmente falar, da forma mais natural possível, com quem estivesse assistindo ao filme.
É isso que a localização faz. Se coloca no lugar de quem está lendo aquele conteúdo, assistindo aquele vídeo ou filme, jogando aquele jogo, ou fazendo um curso online.
E conseguimos ver outros exemplos até mesmo com coisas simples que podem causar estranheza.
Quantas vezes você não se irritou com legendas ou traduções que usavam jardas, polegadas, pés ou milhas? Uma efetiva localização acaba com esses problemas.
Para nosso foco, nossos produtos digitais, nossos cursos online, a localização traz engajamento, uma conexão com os usuários e alunos que vai além de apenas transmitir conteúdo para outras pessoas.
A localização traz à tona uma conexão com o usuário que uma mera tradução não conseguiria trazer, destacando a qualidade do texto, das imagens, em suma, da proposta e da solução que você traz com total destaque nas necessidades da sua persona. Ou personas, já que estamos falando do mundo todo!
2 – Internacionalização x globalização
Muita gente também confunde internacionalização com globalização.
Vamos primeiro definir o que é internacionalização, neste contexto.
A internacionalização é o processo de preparar um produto para que ele seja adaptado para qualquer mercado. Em outras palavras, é deixar o produto o mais genérico possível.
Isso implica em, por exemplo:
- deixar espaço suficiente para línguas que usam mais caracteres no seu ebook ou software;
- incluir codificação de caracteres (quem nunca se deparou com caracteres quebrados usando um site ou aplicativo?);
- usar padrões internacionais de hora e data, para que as pessoas não se confundam;
- o mesmo vale para os sinais de moeda;
- revisar todo o conteúdo para que não haja nada específico de uma localidade, como regionalismos, gírias, referências. Em suma, nada que possa causar um incômodo na pessoa que está lendo aquele conteúdo.
E para que internacionalizar o seu produto?
- Para gastar menos com a localização;
- Facilitar as atualizações (você tem um produto “cru” que pode ser modificado e depois ser atualizado em outras línguas);
- Ser independente culturalmente, sem riscos de causar ofensas.
Objetivamente, a internacionalização afeta muito mais os times de desenvolvimento do que os criadores de conteúdo, é verdade.
Porém, se toda a cadeia pensar na internacionalização, menor o custo no futuro e menores as chances de ter dor de cabeça quando você perceber que está na hora de investir em um mercado, mas a localização vai demorar muito tempo porque seu produto não está preparado.
Agora, e a globalização?
Já a globalização é considerada não como um processo, mas uma estratégia que envolve tanto a internacionalização quanto a localização. Nela encontramos os aspectos comerciais em se lançar um produto em diferentes mercados.
Para se lançar um produto para o mercado global, é preciso estar pronto com um suporte que consiga responder às dúvidas dos usuários em diferentes línguas, entender os aspectos legais e tributários, e fazer um marketing efetivo para diferentes locais.
Por isso a internacionalização e a localização do conteúdo do seu produto vêm antes da globalização. Mas isso não impede que uma pesquisa inicial já lhe dê uma ideia de todos os desafios que você pode encontrar no meio do caminho.
Recapitulando:
- O processo ideal é internacionalizar o seu conteúdo, para que ele possa ser localizado para qualquer parte do mundo;
- localizar o conteúdo, o que inclui a tradução, para um mercado específico, pensando nas características linguísticas e culturais – a partir daqui, você já pode entrar em outros mercados, testar e ver o que está dando certo e o que precisa ser melhorado;
- e aí sim fazer a globalização da sua marca, levando o seu produto ou serviço para todo o mundo.
O melhor exemplo que eu posso dar para vocês está aqui, na América do Sul. O Brasil é um país gigantesco, com quase 210 milhões de habitantes em 8 milhões e meio de quilômetros quadrados.
Em comparação, os 11 países no “resto” da América do Sul têm 9 milhões e meio de quilômetros quadrados e 210 milhões de habitantes que falam, em sua grande maioria, espanhol.
Ou seja, estamos rodeados por hispanofalantes. E apesar de existir muita diferença entre nós, temos muito mais pontos de contato do que de contraste.
E existe apenas um espanhol na América do Sul? Claro que não! Em cada região existe um tipo específico de linguagem, tipos de abordagem, expressões e até mesmo diferentes pronomes pessoais.
Agora, existe sim um espanhol abrangente, que pode ser usado num primeiro momento para atingir um grande número de pessoas na América Latina.
Depois do primeiro teste com esse idioma para todos os países hispanofalantes da América do Sul, os números vão nos mostrar qual localização específica precisamos investir para fazer sucesso neste ou naquele país. E a localização vai ser a resposta para tudo, como vamos ver em mais detalhes nas próximas partes.
3 – Como contratar quem vai localizar
Agora que o seu conteúdo está pronto para ser localizado e conquistar o mundo, você deve fazer algumas pesquisas antes de contratar os especialistas que vão localizá-lo.
Aqui, temos duas opções – ou você contrata uma agência de tradução e localização (e existem muitas, globais, com uma grande variedade de preços), ou freelancers para fazer a localização do seu conteúdo.
O primeiro passo dessa fase é entender se o conteúdo está pronto, internacionalizado (se for o caso), para ser traduzido e localizado.
Então, pergunte-se:
- Preciso traduzir apenas o texto?
- Temos tabelas ou gráficos?
- Temos imagens com texto? (Os arquivos de imagem também precisam ser enviados, se esse for o caso.)
- Temos fontes para os dados que apresento no meu conteúdo? Sites de notícias, links para reportagens, links para dados estatísticos, links para vídeos? (Esses vídeos, mesmo que sejam no YouTube ou Vimeo, têm legendas ou versões no idioma-alvo?)
- E quantas palavras serão traduzidas? Essa é uma pergunta decisiva, já que é internacionalmente estabelecido que empresas de tradução e freelancers cobram por palavra do idioma-fonte para fazerem seus orçamentos. Por isso, se o seu conteúdo está em PDF, ou se existem fotos com texto, fica mais difícil calcular, e você deve tratar disso antes de pedir a localização do conteúdo.
Tudo isso faz parte da internacionalização do conteúdo e evita muito retrabalho depois das primeiras traduções e localizações, além de evitar que a empresa ou o freelancer atrasem a entrega, dando como motivo a falta de briefing sobre esses detalhes.
E claro, a pergunta mais importante: para qual idioma e qual mercado você vai prepará-lo?
Empresas de Tradução ou Freelancers?
Assim que essa pergunta for respondida, voltamos ao nosso tópico: empresas ou freelancers? Claro que existem vantagens e desvantagens em cada uma das duas opções. Vamos ver quais são elas.
Ao contratar uma agência de tradução, a primeira pergunta que você deve fazer é: quem são os tradutores que essa agência contrata (ou contratará, dependendo do idioma), e quais outros serviços a agência vai incluir no preço. Isso é importante porque geralmente as agências nada mais são do que intermediários.
Essas agências, também chamadas de LSPs (Language Service Providers, ou Provedores de Serviço de Idiomas) geralmente funcionam da seguinte forma: elas recebem o briefing do serviço e repassam isso para os tradutores e localizadores que vão efetivamente fazer as traduções.
Algumas dessas empresas também fazem a parte do controle de qualidade, se certificando de que o trabalho foi bem-feito.
E é por isso, basicamente, que o preço das agências é mais alto do que o cobrado por freelancers individuais.
Uma outra vantagem das agências é que elas têm acesso a um grupo mais amplo de tradutores, o que facilita ao distribuir o trabalho e conseguir melhores prazos.
Pense que você pode ter acesso a uma freelancer que seja excelente e ela, além de pegar trabalhos avulsos, também trabalha com a agência.
Se ela cobra, por exemplo, 7 centavos de dólar por palavra, a agência terá de cobrar dela esse valor e ainda acrescentar o lucro que terá por ser a intermediária. Se o preço cobrado pela agência for o mesmo, 7 centavos de dólar, isso significa que ela está pagando menos para aquela tradutora.
Pode ser que a tradutora goste de trabalhar com essa agência, tenha um longo relacionamento com eles e faça um preço mais amigável, mas também pode ser que ela precisa de trabalho e está se contentando com menos.
De qualquer forma, lembre-se que um trabalhador feliz produz mais e melhor.
Outra característica das agências de tradução é que elas podem cumprir prazos mais apertados, justamente por terem acesso a muitos tradutores. Mas isso também significa que várias pessoas vão trabalhar no mesmo texto.
Então, se o seu prazo por algum motivo for muito apertado, talvez seja melhor contratar uma agência, mas certifique-se de que ela tem uma boa equipe de revisão e padronização dos termos, uso de linguagem e até mesmo do registro que será usado (informal, neutro ou formal).
Uma boa agência de tradução vai saber escolher o melhor tradutor para cada tipo de trabalho.
E aqui, uma dica que vale tanto para as agências quanto para os freelancers individuais: prova social.
Você precisa de saber quem já contratou esses serviços dessas pessoas, como eles lidaram com os prazos, se houve comunicação para tirar dúvidas de contexto e, mais importante de tudo: qual foi a avaliação dos consumidores finais, ou seja, das pessoas que leram ou assistiram ao conteúdo traduzido e localizado.
Também há muitas vantagens em contratar freelancers.
A primeira delas, claro, é o preço. Falando diretamente com eles, você pode negociar prazos e valores (aqui, de novo, é bom pedir referências e avaliar o portfólio com os trabalhos já feitos) e chegar a um contrato que é bom para você e para o tradutor.
Além disso, ao contratar um freelancer, você tem um canal de comunicação direto e constante com ele, para acompanhar o trabalho que está sendo feito, dar direcionamento e entender como o seu conteúdo está sendo localizado.
Claro que isso não é adequado se você estiver traduzindo e localizando para diversos idiomas. Neste caso, o seu ponto de contato para todas as línguas deveria estar centralizado. Não é fácil coordenar 8 ou 10 freelancers trabalhando para você ao mesmo tempo, então, aconselho contratar uma agência.
Outra vantagem em contratar um freelancer é que você pode contratar outra pessoa para fazer a revisão e, nesse caso, você terá um outro ponto de vista não só sobre o trabalho, mas sobre o conteúdo. É imprescindível que esse revisor seja um nativo da língua para qual o projeto está sendo traduzido e localizado, o que nos leva a um outro ponto de atenção.
Também é importante analisar o currículo do freelancer para saber se ela ou ele é o ideal para traduzir o seu conteúdo, se tem experiência com o tema ou tópico que você aborda no seu material.
Existem muitos jargões, termos técnicos? Quanto mais específico o tema que você aborda, mais especializado o localizador deve ser e mais detalhado deve ser o briefing.
É importante falar sobre nativos. Nem todo nativo de uma língua é um tradutor. Assim como nem toda pessoa que fala muito bem uma língua pode ser uma tradutora para aquela língua.
Para ficar mais claro, pense em professores de idiomas.
Uma inglesa, por exemplo, fala perfeitamente a língua da Rainha, mas isso não quer dizer que ela saiba dar aulas de inglês. É preciso saber didática, saber como a gramática funciona e ter conhecimentos teóricos que são imprescindíveis para uma boa aula de inglês.
E o mesmo vale para os tradutores. Continuando com o exemplo do inglês, se você quer localizar o seu conteúdo para entrar no mercado dos Estados Unidos, quem você escolheria para traduzir: um tradutor inglês, um australiano ou um brasileiro com uma longa vivência nos Estados Unidos?
Claro que mais fatores terão de ser levados em conta, mas você quer um tradutor que saiba exatamente o que a sua persona quer, como conversar com ela, as referência que ela tem e vários outros detalhes que somente um bom tradutor e localizador vai saber identificar.
Resumindo, uma boa regra é:
- se o volume é grande (ou se são muitos idiomas) e o prazo é curto, contrate uma agência;
- se o volume não é grande e o prazo é relativamente OK, procure freelancers.
Uma rápida busca na internet vai te dar uma grande lista de LSPs e sites como Fiverr, Upwork e Workana vão te dar acesso a muitos freelancers.
E claro, sempre lembre-se de pedir referências e trabalhos anteriores.
4 – Controle de qualidade
Agora que você já sabe quem vai traduzir e localizar o seu conteúdo, precisamos ter certeza de que um bom trabalho foi feito. E também precisamos pensar em alguns detalhes muito importantes.
Mas vamos por partes.
A primeira parte do controle de qualidade é feita pela agência de tradução (LSP) ou pelo freelancer que você contratou, claro. Mas é muito importante que você peça para que uma pessoa daquela localidade avalie o que foi feito.
Só uma pessoa que está vivendo ali, naquele momento, ou uma pessoa que tem uma vasta vivência naquele local, que estuda a língua e os costumes, vai ter a autoridade para dizer se a linguagem está adequada, se os termos utilizados fazem sentido, se os exemplos e referências que aparecem no conteúdo foram feitos pensando em quem está morando naquele local.
Uma localização excelente, repito, é aquela em que o conteúdo é indistinguível de um que tenha sido produzido por uma pessoa daquela localidade. Por isso o localizador se coloca no lugar do leitor, do espectador, e torna tudo o mais natural possível.
Esse é o controle de qualidade que deve ser feito minuciosamente, primeiro para não ofender ou prejudicar ninguém e, segundo, para se destacar naquele mercado e fazer diversas vendas.
E para tornar tudo bem natural, não é só o conteúdo que você deve localizar. Entender o mercado que você está atacando é indispensável e, mais uma vez, você precisa de alguém local ou que tenha uma vivência recente naquela localidade.
Vamos agora falar sobre alguns detalhes que não podem passar batidos na sua estratégia de localização:
Fuso horário
Uma coisa bem simples que às vezes deixamos de lado é o horário de suporte ao comprador.
Muitas vezes, Produtores querem que a resposta ao comprador seja dada no menor tempo possível, mas isso nem sempre é o melhor a ser feito.
Uma resposta completa, que realmente leva em consideração a dúvida ou a reclamação do comprador é muito melhor do que apenas um template enviado às pressas para bater as metas de tempo de resposta.
Aqui nos deparamos com uma parte importante de localização: muitas vezes, o suporte de um empreendedor digital que está vendendo para outros países não leva em consideração que o comprador pode receber uma mensagem às três e meia da manhã por causa do fuso horário.
E quando essa pessoa acordar, for para o trabalho e vir diversas mensagens na sua caixa de entrada, será que a resposta do seu suporte vai se destacar no meio de tanta coisa?
Por isso, é importante que o suporte leve em conta o fuso horário em que a pessoa que comprou o produto mora, entenda qual é a melhor hora para ela receber um email, e aí sim envie a resposta. E isso serve para todo o funil de emails na sua estratégia.
Meios de pagamento
Outro detalhe importante é o meio de pagamento.
Quando você entra em outros mercados, é importante entender qual é o meio de pagamento que as pessoas usam. Cartões de crédito, débito, transferências bancárias, PayPal.
Esses são só alguns, existem milhares de diferentes sistemas para pagamento e você tem que entender o que os seus potenciais consumidores usam e esperam encontrar quando chegarem à sua página de checkout.
E também, como a pessoa pode pagar? É apenas um pagamento à vista? Podem pagar em parcelas? Com juros ou não?
Você tem que pensar sobre todos esses pontos, entender o mercado.
Uma boa plataforma de distribuição de produtos digitais pensa em todos esses detalhes, estuda todas as possibilidade e disponibiliza não só o valor na moeda local daquela pessoa que vai comprar o produto, como também os métodos de pagamento mais usuais daquela localidade. Assim, os consumidores vão se sentir à vontade para concluir a compra.
Precificação
E não é só os meios de pagamento que precisam ser localizados. O preço também é um ponto crucial.
Vamos pegar um exemplo bem conhecido: o preço do Big Mac.
O sanduíche mais famoso em todo o universo não tem o mesmo preço no mundo todo. Se você comprar 50 dólares em Big Macs e utilizar os mesmos 50 dólares convertidos em ienes no Japão, você não vai ter o mesmo número de hambúrgueres.
Por quê? Várias são as razões, incluindo impostos, custo de produção, transporte e outras. Mas talvez a mais importante seja a estratégia de marketing.
E aqui, para os produtos digitais, você tem que pensar, mais uma vez, na sua persona.
Simplesmente converter o preço “original” do seu produto pode não ser uma boa.
Muitas empresas de SaaS (software como serviço) fazem apenas isso para ter um preço só no mundo todo. A maioria das vezes, o preço é centralizado em dólar ou em euro. Mas se pensarmos na União Europeia, podemos ver como isso é um problema, pois apesar da moeda ser a mesma em diversos países, o custo de vida é muito diferente.
Se formos mais fundo ainda, veremos que o custo de vida difere muito mesmo quando comparamos cidades no mesmo país.
Mas nem todas as empresas fazem isso. A Spotify é um exemplo.
O preço da mensalidade nos Estados Unidos é 9.99 dólares, ou 8.52 euros. Mas esse não é o preço que cobram em todos os países no mundo.
Na verdade, eles analisam cada mercado e encontram um preço específico que vai de encontro ao poder aquisitivo daquele país, como vocês podem ver na imagem:
Afiliados
E quem melhor para lhe auxiliar com todas essas questões de localização (que vão além da tradução e adaptação do conteúdo do seu material em si) do que um bom Afiliado?
Quais são as características de um excelente Afiliado?
- Em primeiro lugar, ele entende o nicho, ou nichos, em que atua, então conhece bem suas personas, suas dores e anseios, o que pode ajudar muito na localização do seu conteúdo, na precificação e na escolha dos melhores canais para divulgação;
- Ele entende muito da psicologia e dos gatilhos mentais que funcionam para os nativos daquela localidade, então sabe o que pode motivar as pessoas a clicar nos seus CTAS;
- Ele sabe como criar uma página de vendas que converte, que conversa com as pessoas daquele local;
- Ele sabe comprar tráfego, otimizar campanhas e analisar os números e métricas do negócio, além de saber os melhores horários para cada ação que deve ser tomada. Um excelente Afiliado sabe tomar decisões baseadas em seus conhecimentos técnicos e nos números.
Em suma, ter como parceiro no seu “país-alvo” um Afiliado que conhece o mercado e, mais do que isso, conhece as pessoas, é uma excelente estratégia para localizar o seu produto digital.
5 – Conclusão
Ufa!
Se você chegou até aqui, realmente aprendeu muito sobre a localização de conteúdo.
Prestes a embarcar nessa viagem? Tenho a impressão que depois que o seu produto decolar, vai voar muito alto e conquistar muitos mercados.
O que fica de mais importante, depois de todos esses detalhes, é que entender quem é a sua persona é essencial.
Você deve mapear muito bem todas as características e oferecer um produto que não apenas fale a mesma língua que ela, mas que entenda o contexto em que ela vive, como ela consome conteúdo e o que realmente vai agregar valor para a vida dela.
Ainda não sabe quem é seu público? Confira nosso guia completo e aprenda como criar sua persona.